Precarização, individualização e conformismo

Subjetivação laboral no Poder Judiciário brasileiro

Autores

Palavras-chave:

precarização, individualização, subjetivação

Resumo

Considerando as políticas de modernização do setor público brasileiro levadas a efeito nos últimos tempos, o estudo objetiva compreender de que modo os servidores da justiça têm sido afetados pelo conjunto de mudanças na organização do seu trabalho, e como eles enfrentam o novo status quo. Ancorada no enfoque da psicologia social do trabalho, esta investigação empírica de natureza qualitativa foi desenvolvida mediante entrevistas (individuais e grupais) em profundidade com 24 servidores, técnicos e analistas judiciários, de seis diferentes cidades de um dos estados que fazem parte do Brasil. O corpus resultante da análise e tratamento das informações foi submetido à análise de conteúdo, tendo-se identificado processos de naturalização e institucionalização da lógica de mercado no âmago deste órgão público. Esta dinâmica, fomentada por mecanismos de individualização, imprime na vivência laboral marcas de precarização subjetiva, enfraquecimento das estratégias coletivas de resistência e processos de acomodação, conformismo e submissão às dinâmicas de poder, acompanhados de efeitos psicossociais de mal-estar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Elka Lima Hostensky, Universidad Federal de Santa Catarina (UFSC)

Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis (SC), Brasil

Johanna Garrido-Pinzón, Universidad Paulista (UNIP - Araraquara)

Professora do curso de graduação em Psicologia da Universidade Paulista (Unip), Araraquara (SP), Brasil

Jose Maria Blanch, Facultad de Ciencias Humanas e Sociales, Universidad de San Buenaventura (USB),

Departmento de Psicologia Social, Universidad Autónoma de Barcelona (UAB), Barcelona, España y Facultad de Ciencias Sociales y Humanas, Universidad de San Buenaventura (USB), Cali, Colombia

Referências

Antunes, R. (2014). Os sentidos do trabalho. Boitempo.

Antunes, R. (2019). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil IV. Boitempo.

Antunes, R., & Praun, L. (2015). A sociedade dos adoecimentos no trabalho. Serviço Social & Sociedade, 123, 407- 427.

Araújo, J. N. G. (2020). Neoliberalismo e horizontes da precarização do trabalho. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 23(1), 79-93.

Bauman, Z. (2016). La globalización: consecuencias humanas. (3ª ed.). Fondo de Cultura Económica.

Beck, U. (1997). A reinvenção da política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In U. Beck, A. Giddens, & S. Lash (Eds.), Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna (pp. 11-71). UNESP.

Beck, U. (1999). Un Nuevo Mundo Feliz la Precariedad del Trabajo en la Era de la Globalización. Paidós.

Bernardo, M. H. (2009). Trabalho duro, discurso flexível: Uma análise das contradições do Toyotismo a partir da vivência de trabalhadores. Expressão Popular.

Blanch J. M. & Stecher, A. (2009). La empresarización de servicios públicos y sus efectos colaterales. Implicaciones psicosociales de la colonización de universidades y hospitales por la cultura del nuevo capitalismo. En T. Wittke & P. Melogno (comps.). Psicología y organización del Trabajo. Producción de subjetividad en la organización del trabajo. (pp. 191-209). Montevideo: Psicolibros. ISBN 9789974816756.

Blanch, J. M. (2007). El capitalismo organizacional como factor de riesgo psicosocial: Efectos psicológicos colaterales de las nuevas condiciones de trabajo dictadas por el capitalismo académico y sanitario implantado en universidades y hospitales no lucrativos de la red pública. Ministerio Educación y Ciencia. (España), Plan Nacional I+D+I. Referencia: SEJ2007-63686/PSIC.

Blanch, J. M. (2012). Trabajar y Bienestar. UOC.

Blanch, J. M. (2014). Calidad de vida laboral en hospitales y universidades mercantilizados. Papeles del psicólogo, 35(1), 3-13.

Blanch, J. M. & Cantera, L. (2011). La nueva gestión pública de universidades y hospitales. Aplicaciones e implicaciones. In E. Agulló; J. L. Álvaro; A. Garrido; R. Medina y I. Schweiger (Eds.). Nuevas formas de organización del trabajo y la empleabilidad (pp. 515-534). Ediuno.

Blanch, J.M. (2021). El nuevo espaciotiempo de trabajo, un desafío para la calidad de vida laboral. The new spacetime of telework: A challenge for the quality of worklife. Praxis Psy, 22(35), 65-78. https://doi.org/10.32995/praxispsy.v22i35.159

Bourdieu, P. (2000). Contrafuegos: reflexiones para servir a la resistencia contra la invasión neoliberal. Anagrama.

Certeau, M. (2014). A invenção do cotidiano. Artes do fazer (22a. ed.). Vozes.

Dan, S., & Pollitt, C. (2015). NPM Can Work an optimistic review of the impact of New Public Management reforms in central and eastern Europe. Public Management Review, 17(9), 1305-1332. https://doi.org/10.1080/14719037.2014.908662

Duarte, J. (2006). Entrevista em profundidade. In J. Duarte & A. Barros (Orgs.), Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação (pp. 62-83). Atlas.

Eurofound & ILO (2017). Working anytime, anywhere: the effects on the world of work. Office of the European Union & the International Labour Office. https://www.eurofound.europa.eu/publications/report/2017/working-anytimeanywhere-the-effects-on-the-world-of-work

Ferreira, M. C., & Falcão, J. T. R. (Eds.). (2020). Intensificação, Precarização, Esvaziamento do Trabalho e Margens de Enfrentamento. EDUFRN. https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31580.

Garrido-Pinzón, J., & Bernardo, M. H. (2017). Vivências de trabalhadores da saúde em face da lógica neoliberal: um estudo da atenção básica na Colômbia e no Brasil. Revista Cadernos de Saúde Pública, 33(9), 1-11.

Garrido, J.; Blanch, J. M. Uribe, F.; Flórez, J. & Pedrozo, M. C. (2011). El capitalismo organizacional como factor de riesgo psicosocial. The organizational capitalism as a psychosocial risk factor. Psicología desde el Caribe 28, 166-196. ISSN 0123417X http://redalyc.org/articulo.oa?id=21320758008

Gaulejac, V. (2007). Gestão como doença social. Aparecida, Ideias & Letras.

Granero, A; Blanch, J. M.; Ochoa, P. (2018). Labor conditions and the meanings of nursing work in Barcelona. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 26, e2947 https://doi.org/10.1590/1518-8345.2342.2947.

Gurgel, C. (2015). O papel da ideologia nas teorias organizacionais. In V. Padilha (Org.). Antimanual de gestão: desconstruindo os discursos do management (23-57). Ideias & Letras.

Han, B-C. (2015). Sociedade do cansaço. Vozes.

Hostensky, E. L., Blanch, J. M., Ochoa, P., & Roesler, V. R. (2022). Working Conditions and Meanings of Working Experience: The Case of the Justice Workers. Condições de Trabalho e Significados da Experiência Laboral: O Caso dos Trabalhadores da Justiça. Revista Psicologia: Teoria E Prática, 24(3), 1-16. ePTPSS15512. https://doi.org/10.5935/1980-6906/ePTPSS15512.en

Humphries, N., Morgan, K., Conry, M. C., McGowan, Y., Montgomery, A., & McGee, H. (2014). Quality of care and health professional burnout: narrative literature review. International Journal of Health Care Quality Assurance, 27(4), 293-307. https://doi.org/10.1108/IJHCQA-08-2012-0087

International Labour Organization [ILO]. (2020). Managing work-related psychosocial risks during the COVID-19 pandemic. https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_protect/---protrav/safework/documents/instructionalmaterial/wcms_748638.pdf

Lapuente, V. & Walle, S. V. (2020). The effects of new public management on the quality of public services. Governance, 33(3), 461-475. https://doi.org/10.1111/gove.12502

Linhart, D. (2000). O indivíduo no centro da modernização das empresas: um reconhecimento esperado, mas perigoso. Trabalho & Educação, 7, 24-36.

Linhart, D. (2009). Modernisation et précarisation de la vie au travail. Papeles del CEIC (Centro de Estudios sobre la Identidad Colectiva), 43(1), 1-19.

Mendes, A. M., Facas, E. P., Castro, T. C. M., & Duarte, F. S. (2019). Sofrimento e adoecimento no trabalho no judiciário estadual brasileiro. Grupo de Estudos e Práticas em Clínica, Saúde e Trabalho.

Minayo, M. C. S. (1994). O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. Hucitec-Abrasco.

Ochoa, P. J. & Blanch, J.M. (2016). Work, malaise and wellbeing in Spanish and Latin American doctors. Revista de Saúde Pública. 50(21), 1-14. https://doi.org/101590/S151887872016050005600

Osborne, D., & Gaebler, T. (1992). La reivención del gobierno. La influencia del espíritu empresarial en el sector público. Paidós.

Osborne, S. P. (2017). Public management research over the decades: what are we writing about? Public Management Review, 19(2), 109-113. https://doi.org/10.1080/14719037.2016.1252142

Paula, A. P. P. (2005). Por uma nova gestão pública: limites e potencialidades da experiência contemporânea. Fundação Getúlio Vargas.

Pollitt, C. (2007). The New Public Management: An Overview of Its Current Status. Administratie Si Management Public, 8, 110-115. https://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.536.2400&rep=rep1&type=pdf

Ramminger, T., & Nardi, H. C. (2008). Subjetividade e trabalho: algumas contribuições conceituais de Michel Foucault. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 12(25), 339-346.

Rentería, E.; Blanch, J. M.; Díaz, F. & Londoño A. M. (2022). Trabajar en la nueva academia: una experiencia ambivalente. Working in the new academy: an ambivalent experience. Pensamiento Psicológico. 19(1):2665-3281 https://doi.org/10.11144/Javerianacali.PPSI19.taea

Sato, L. (2009). Trabalho: sofrer? Construir-se? Resistir? Psicologia em Revista, 15(3), 189-199.

Sato, L., & Bernardo, M. H. (2005). Saúde mental e trabalho: os problemas que persistem. Ciência e Saúde Coletiva, 10(4), 869-878.

Seligmann-Silva, E. (2011). Trabalho e desgaste mental: O direito de ser dono de se mesmo. EUFRJ/Cortez.

Sennett, R. (2006). La corrosión del carácter. Las consecuencias personales del trabajo en el nuevo capitalismo. Anagrama.

Simonet, D. (2015). The New Public Management theory in the British Health Care System: A critical review. Administration & Society, 47(7), 802-826. https://doi.org/10.1177/0095399713485001

UNDP (2022). Human Development Report (HDR 2021-22). Uncertain Times, Unsettled Lives: Shaping our Future in a World in Transformation. United Nations Development Programme. https://hdr.undp.org/content/announcement-202122-human-development-report-set-be-released-8-september-2022

Waheduzzaman, W. (2019). Challenges in transitioning from new public management to new public governance in a developing country context. International Journal of Public Sector Management, 32(7), 689-705. https://doi.org/10.1108/IJPSM-02-2019-0057

WEF (2020). The Future of Jobs Report 2020. World Economic Forum. https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020

WHO (2019). Burn-Out An “Occupational Phenomenon”: International Classification of Diseases. World Health Organization. https://www.who.int/mental_health/evidence/burn-out/en/

Downloads

Publicado

2023-12-21

Como Citar

Lima Hostensky, E., Garrido-Pinzón, J., & Blanch, J. M. (2023). Precarização, individualização e conformismo: Subjetivação laboral no Poder Judiciário brasileiro. Revista Latinoamericana De Antropologia Del Trabajo, 7(16). Recuperado de https://ojs.ceil-conicet.gov.ar/index.php/lat/article/view/1125
Share |